É dificil voltar a tocar nos teus assuntos, até mesmo soletrar o teu nome. Fico sempre com o nó na garganta, mas apesar de tudo eu sei que estás bem, seja lá onde estiveres. Fazer-te esta carta, com todas as certezas, que me vou rir, e decerteza, cair algumas lágrimas. Não só por aquilo que nutro por ti, mas sinto pelas saudades que tenho tuas. Eras a melhor bisa-avó que alguém poderia ter, e não falo nem digo isto assim, só teres sido a "minha". Arrependo-me tantas vezes de não te atender o telemovel só por causa do meu mau humor, e das minhas lamurias. Não sou perfeita, mas também ninguém o é. E também que me compreendias, quando não estava "para ninguém". Não era nem fácil para mim, nem para ti. Querias ser tudo de bom para mim, não era? Mas eu as vezes esquecia-me que ao ter pessoas como tu na minha vida, era um "privilégio".. O que está feito, não se muda, e mesmo que queiramos, e pedirmos muito que o tempo volte para trás, o tempo não recua, e por vezes temos mesmo de encarar com isso. Deixar as pessoas ir quando elas têm de ir, ou seja, quando já cumpriram o seu objectivo na nossa vida, quando já trouxeram tudo o que tinham a trazer. Foi o que me ensinaste lembras-te? Eu lembro perfeitamente das tuas palavras como se fosse hoje, e podes ter a certeza, que dói pensar, e tentar ouvir a tua voz. Dirias outra vez, e outra vez, e outra vez... Bem que me podia doer, até mais não puder, mas tu dizias tudo o que tinhas a dizer, sem nunca me esconder nada. Mostraste-me que com o tempo, todas as feridas se curam, e por vezes algumas coisas que tanto gostamos podem partir sem ou com razão, podem voltar ou até mesmo desaparecer. E por isso, a tua frase de sempre: não fujas aos problemas, porque eles vêm sempre atrás de ti. Não fujas as tuas amizades, nem aos teus próprios sentimentos, porque eles também virão atrás de ti, e farão aquilo que têm de fazer. O teu passado está escrito, e o teu destino está traçado, neta.
Gosto muito de ti, Bisa-avó.
com amor, mariana.
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